Foi a primeira vez que o corpo do imperador do Brasil passou por análise.
Arqueóloga disse que exames foram feitos em hospital paulistano em 2012.
Tomografia dos restos de
D. Pedro I (Foto: Divulgação/
Valter Diogo Muniz)
Cientistas brasileiros exumaram pela primeira vez para pesquisa os restos mortais de D. Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, além de suas duas mulheres, as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia.
A exumação fez parte do trabalho de mestrado da arqueóloga e historiadora Valdirene do Carmo Ambiel, que defendeu nesta segunda-feira (18) sua dissertação no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Valdirene, os exames foram realizados em 2012 – entre fevereiro e setembro. Ela afirma que obteve em 2010 autorização de descendentes da família real brasileira para exumar os restos mortais. No entanto, negociações para que isto ocorresse iniciaram anos antes. “De forma oficial, esse trabalho começou a acontecer em 2010, mas ele se iniciou mesmo há oito anos”, explicou Valdirene ao G1.
Os exames foram realizados no Hospital das Clínicas de São Paulo e contaram com a ajuda de especialistas da Faculdade de Medicina da USP.
Transporte feito de madrugada
Segundo informações do site do jornal "O Estado de S. Paulo", um esquema de segurança foi montado para transportar as urnas funerárias de madrugada desde a cripta imperial, no Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, até o local dos exames, em Cerqueira César, onde, sob sigilo, os esqueletos foram submetidos a ultrassonografias e tomografias.
O site do jornal informa ainda que as análises revelaram que D. Pedro I fraturou ao longo de sua vida quatro costelas do lado esquerdo, consequência de dois acidentes -- uma queda de cavalo e quebra de carruagem. Isso teria prejudicado um de seus pulmões e, consequentemente, agravado uma tuberculose que causou sua morte aos 36 anos, em 1834. Ele media entre 1,66 m e 1,73 m e foi enterrado com roupas de general.
Exumação de D. Pedro I (Foto: Divulgação/Valter Diogo Muniz)
O "Estado" informa aponta que a exumação dos restos mortais de Dona Leopoldina contradiz a história de que a então imperatriz do Brasil teria fraturado o fêmur após Dom Pedro I tê-la empurrado de uma escada do palácio Quinta da Boa Vista, então residência da família real, localizada no Rio de Janeiro. No exame, não foram encontradas fraturas.
Restos de D. Leopoldina (Foto: Divulgação/Valter Diogo Muniz)
Imperatriz mumificada
Dona Amelia surpreendeu por estar mumificada (Foto: Divulgação/Valter Diogo Muniz)
No caso da segunda mulher do primeiro imperador do país, Dona Amélia, segundo noticia o "Estado", os cientistas se surpreenderam ao ver que a imperatriz foi mumificada e tinha partes do seu corpo preservados, como cabelos, unhas e cílios. Um crucifixo de madeira e metal foi enterrado com ela.
Relevância
De acordo com Astolfo Gomes de Mello de Araújo, professor de Arqueologia do MAE/USP e um dos orientadores do trabalho de Valdirene, a exumação dos corpos de parte da família real brasileira é importante para entender melhor o período imperial que o país viveu, que, segundo ele, é tratado com relativamente pouca relevância.
“O Brasil, de uma maneira geral, tem uma memória histórica curta (...) O trabalho mostrou que havia ali dados importantes, além de derrubar a dúvida de que ali pudessem não estar enterrados os restos mortais”, disse Araújo, referindo-se ao Monumento da Independência, cripta imperial localizada em São Paulo, onde estão as urnas funerárias.
Detalhe das mãos de D. Amélia segurando um crucifixo (Foto: Divulgação/Valter Diogo Muniz)
Ele disse que medalhas e comendas que foram enterradas com D. Pedro I foram recuperadas durante a análise das urnas funerárias. Segundo o professor, esses materiais passam por restauração e estão atualmente em posse do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo. “Esse material foi recolhido e deve ser exposto”, explica.
O orientador ressaltou ainda a importância da obtenção das autorizações para a exumação, tanto de integrantes da família real brasileira, quanto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Que isto sirva de exemplo até para outros países, onde há cada vez mais tabu em relação ao estudo de restos humanos (...) As pessoas acham que os restos mortais não podem ser manipulados. Isso é um retrocesso total, porque ali há informações importantes. Os restos humanos são tratados com respeito”, disse.
D. Leopoldina passa por tomografia (Foto: Divulgação/Valter Diogo Muniz)
Antes disso tudo…
Em 1972, no sesquicentenário da Independência, D. Pedro I, teve seus despojos trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do Monumento à Independência, localizado no Museu do Ipiranga em São Paulo, Brasil.
Atualmente, os restos mortais do imperador repousam ao lado de sua primeira esposa, a Imperatriz Leopoldina e da segunda esposa, Imperatriz Amélia.
Túmulo de Pedro I na Capela Imperial, subsolo do Monumento à Independência, no Ipiranga, cidade de São Paulo, Brasil.
Entre fevereiro e setembro de 2012 foram realizadas pela Faculdade de Medicina da USP, sob sigilo, exumações nos restos mortais de Dom Pedro I e suas duas esposas, d Leopoldina e d. Amélia, revelando estatura e detalhes físicos.
O corpo de D. Maria Amélia só foi trasladado para o Brasil em 1982, por iniciativa do governador Paulo Salim Maluf. Durante todo o tempo que esteve em Portugal, o corpo de D. Maria Amélia repousou ao lado do corpo do irmão de D. Pedro I, D. Miguel, no Panteão dos Braganças, em Lisboa.
1972 - Médici saúda despojos de Pedro I
Como parte das comemorações do Sesquicentenário da Independência, os restos mortais de Dom Pedro I foram transladados do Convento de São Vicente de Fora, na cidade do Porto, Portugal para o Brasil.
O Presidente Garrastazu Médici agradeceu ao Presidente Américo Tomás a entrega dos despojos de Dom Pedro I, declarando que "pelo vigor e audácia de seus filhos, como intimorato protagonista da História, Portugal infunde na alma brasileiro a energia de sua capacidade criadora". O navio português Funchal entrou na baia de Guanabara e emparelhou-se com o navio Piraquê para transferir o esquife de Dom Pedro I. O Funchal havia partido de Lisboa no dia 10 de abril para chegar pontualmente neste dia 22.
Numa breve cerimônia, o comandante do navio brasileiro recebeu a urna com os despojos no cais do Morro da Viúva. Em seguida os Presidentes Garrastazu Médici e Américo Tomás dirigiram-se para o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, passando pela Avenida Rio Branco, onde foram aplaudidos por umamultidão. Dom Pedro I voltou temporariamente a morar na Quinta da Boa Vista, até seguir em peregrinação pelas capitais de todos os Estados brasileiros. Ao final a urna foi depositada no Monumento do Ipiranga em São Paulo.
Jamais deixarei de ser brasileiro
O Duque de Bragança, Pedro I do Brasil e Pedro IV de Portugal, deixou o Rio com destino a Europa mas nunca deixou de ser brasileiro. Português de Queluz, emigrou em companhia da família para o Brasil com 10 anos de idade e se fez homem no Rio de Janeiro, entre São Cristóvão e Santa Cruz. Fazia alarde da sua condição: "Foi inexplicável o prazer que minha alma sentiu, porque então conheci que a vontade dos povos não era só útil, mas necessária para sustentar a integridade da Monarquia em geral, e mui principalmente do grande brasil, de quem sou filho".
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Retorno para Portugal
Após a renúncia, D Pedro 1° retornou para Portugal, onde lutou para restituir sua filha ao trono, que havia sido tomado pelo irmão Miguel. Com a reconquista do trono e a decretação da maioridade de sua filha, coroada como Maria 2ª, D. Pedro 1° contraiu uma tuberculose e morreu no palácio de Queluz, com 36 anos. Apesar de comandar duas nações, seu corpo foi enterrado apenas com as honras de um general, no pavilhão de São Vicente de Fora. Somente em 1972, durante as comemorações dos 150 anos da Independência do Brasil, os seus restos mortais foram transladados para o Monumento do Ipiranga, em São Paulo.
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Morte e preservação da memória (Maria Leopoldina)
Cortejo fúnebre da Imperatriz Da. Leopoldina, por Debret.
Morreu no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, bairro na zona norte do Rio de Janeiro, em 11 de dezembro de 1826. Seu corpo, revestido do manto imperial, foi colocado em três urnas: a primeira de pinho português, a segunda de chumbo (com a inscrição latina própria, sobre a qual havia uma caveira com duas tíbias cruzadas e, sobre esta o brasão imperial em prata) e a terceira de cedro.
Foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia. Quando o convento foi demolido, em 1911, os restos foram transladados para o Convento de Santo Antônio, também no Rio de Janeiro, onde foi construído um mausoléu para ela e alguns membros da Família Imperial. Em 1954, foram transferidos definitivamente para um sarcófago de granito verde ornado de ouro, na Capela Imperial, sob o Monumento do Ipiranga, na cidade de São Paulo.
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Morte prematura (Maria Amélia)
A princesa dona Maria Amélia em seu leito de morte.
Em fevereiro de 1852, Maria Amélia contraiu escarlatina. Com o passar dos meses, ela não se recuperou, sendo afetada por uma persistente tosse - os sintomas da tuberculose. Em 26 de agosto, a princesa deixou o Palácio das Janelas Verdes, onde morava e viajou para a Ilha da Madeira. O clima da ilha tinha a reputação de salutar nestes casos, como Maria Amélia observou: "as febres desaparecem, dizem eles, como que por magia!" Ao despedir-se da família, a princesa Amélia pode ter sentido um mau agouro, pois disse à sobrinha: "Não é verdade, Maria, que você não vai me esquecer?"
Maria Amélia, acompanhada de sua mãe, desembarcou em 31 de agosto no Funchal, a capital da Madeira . A cidade inteira as saudou com alegria e uma multidão acompanhou a princesa até seu novo lar. Ela adorou a ilha e disse à mãe: "Se eu um dia recuperar a minha saúde, vamos ficar muito tempo nesta ilha, vamos fazer longas excursões nas montanhas, vamos encontrar novas trilhas, como só fizemos em Stein" . Mas sua saúde só piorou e, no final de novembro, toda a esperança se foi. No início de 1853, a princesa estava acamada e sabia que a morte estava se aproximando: "A minha força diminui dia a dia; eu posso sentir isso... estamos chegando ao começo do fim!" . Um pouco depois da meia-noite, na madrugada de 4 de fevereiro, um padre administrou-lhe os últimos sacramentos. Maria Amélia tentou consolar sua mãe: "Não chore ... deixe que a vontade de Deus seja feita; que Ele possa vir em meu auxílio em minha última hora; que Ele possa consolar minha pobre mãe!". Ela morreu pouco depois, por volta das 4 horas da manhã.
O corpo da princesa permaneceu em uma capela ao lado da casa onde ela morreu, até ser levado de volta ao continente, 7 de maio de1853. Em 12 de maio, o caixão foi desembarcado em Lisboa, seguindo-se um grandioso funeral. Seus restos mortais foram enterrados ao lado dos de seu pai no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Quase 130 anos depois, em 1982, o corpo de Maria Amélia foi trasladado para o Brasil, sendo definitivamente sepultado na cripta do Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, junto a outros membros da família imperial brasileira.
http://educacao.uol.com.br/biografias/d-pedro-1.jhtm
http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=8088
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Leopoldina_de_%C3%81ustria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Am%C3%A9lia_de_Bragan%C3%A7a
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